Em 1983, uma fatalidade! A morte do Pai com apenas 39 anos, abala profundamente a família dos então meninos Jorge (12 anos) e Jeferson (6 anos). A partir daquele momento as coisas ficaram um pouco mais difíceis, e os sonhos tiveram que ser deixados de lado, adormecidos por 15 longos anos...
O ano agora é 1997. Começa em Joinville a febre do "Kart Indoor", Jorge, já com 27 anos e morando em Joinville desde 1988, começa a participar de algumas competições (confraternizações) de Kart Indoor. Inicialmente no Shopping Muller e um pouco mais tarde no shopping Cidade das Flores. A identificação com o esporte era total. Porém, a brincadeira que era cara demais (este é o mal do automobilismo, e o Kart não é exceção) e outras coisas que sempre são prioridades na vida de um jovem em início de carreira e com uma família recém formada, acabaram relegando a segundo plano a realização deste sonho.
Mais 3 anos se passaram, estamos agora em Junho de 2000. Novamente incentivado por amigos e pelo seu irmão Jeferson, os dois (Jorge e Jeferson) começaram a participar de algumas confraternizações que tinham como ponto alto o último piso do Shopping Cidade das Flores em Joinville, a pista de Kart Indoor. As brincadeiras não eram muito freqüentes, mas mantinham viva dentro destes dois irmãos a principal herança deixada pelo pai, a paixão pela velocidade.
Em Dezembro de 2001 é tomada a decisão: Formar uma equipe para participar em Abril de 2002 da 4ª edição da Copa Noturna TVCom de Kart, no Kartódromo Internacional de Joinville. Até o dia da prova foram apenas um ou dois treinos para o reconhecimento da pista. Surge naquele momento a certeza de que a obtenção de patrocínio seria algo fundamental para viabilizar a participação naquela prova. O apoio do 1º patrocinador (a Marsh) veio quase que no último instante, o que acabou pondo à prova, pela 1ª vez, o espírito de equipe destes dois irmãos, pois havia recursos para que apenas um deles participasse da prova. Juntos, decidiram que Jorge seria o piloto enquanto Jeferson faria o papel de chefe de equipe.
Foi um longo final de semana, que teve inicio ainda na noite de 6ª feira (19 de Abril de 2002). A escolha do kart (que seria alugado junto ao Kartódromo), a preparação do melhor conjunto possível (chassi, Motor e pneus), a utilização de cada minuto disponível para treino na manhã e na tarde de sábado (que acabou rendendo ao Jorge uma lesão na costela). Mas era a realização de um sonho e cada gota de suor valia a pena, pois todo esforço e sacrifício daquele final de semana tinham um significado maior para estes dois irmãos.
O resultado? 4ª lugar na categoria Sprint B, correndo pela 1ª vez embaixo de chuva e com pneus para pista seca (não foi permitido aos pilotos desta categoria - Sprint B - a troca de pneus).
2002 - Ir Além...
Em maio de 2002, lá estavam os dois irmãos, participando pela 2ª vez de uma competição oficial de Kart (prova válida pela Copa Citadino e Copa Litoral de Kart).
Novamente competindo na categoria Sprint B, só que desta vez ambos pilotando um kart (Jorge c/ o Kart 20 e Jeferson com o Kart 01). Nasce, naquele dia, a equipe JF Racing Team (uma homenagem ao pai, Jorge Avelino Felisberto). E com o resultado da prova (3º e 5º lugar - Jorge e Jeferson respectivamente), nasce também a certeza de que a equipe recém formada poderia buscar desafios ainda maiores: Participar da Categoria Sprint A (a elite do Kart 6,5 hp preparado).
Começa então a procura por patrocinadores que estivessem dispostos a dar o suporte financeiro necessário para que a equipe JF Racing Team pudesse efetivamente ingressar na categoria Sprint A (aquisição de chassis, motores, aluguel de box, contratação de um bom preparador etc...).
Passaram-se dois meses até que tudo fosse acertado. A obtenção de patrocínio, a compra dos equipamentos, a preparação dos motores, a contratação de um bom preparador, tudo estava pronto, faltava apenas a adaptação a esta nova categoria (muito mais competitiva que a anterior).
Chega a hora do teste: participar pela 1ª vez de uma prova da categoria Sprint A. Com ele, a 1ª grande frustração: uma falha mecânica no Kart 222 (alimentação de combustível) deixa o Jorge fora da competição já na 1ª bateria. E um total desequilíbrio no Kart 111, deixa o Jeferson em uma condição pouco competitiva (desequilíbrio este, que mais tarde descobrimos estar relacionada com a distribuição do lastro no kart). Mas tudo bem, o kartismo, assim como o automobilismo, têm dessas coisas. Ao final da competição ambos já pensavam na próxima prova: A Famosa 3 horas em circuito oval!
Mais uma vez a limitação de recursos define que a equipe poderá participar da prova com apenas um Kart: o 222 pilotado pelo Jorge, que teve como parceiro para esta prova o piloto da categoria 125 cc, Virgílio Cesar Romeiro Alves.
Chega o dia da prova, 24 de agosto de 2002, dia que ficaria marcado na história desta equipe, e principalmente na história de Jorge. Um vazamento de combustível tirou da prova de maneira precoce (pouco menos de uma hora de prova), o piloto Virgílio, que sofreu queimadura química em parte da mão esquerda. Não bastasse este imprevisto que forçaria o Jorge a pilotar por mais de 2 horas seguidas, a correção do problema custou à equipe, cerca de 20 voltas. Um prejuízo aparentemente irrecuperável. Mas só aparentemente, porque a determinação deste apaixonado pelo esporte fizeram com que Jorge superasse o cansaço, a dor e o desequilíbrio do Kart (que a partir de certo momento estava seriamente danificado), e conseguisse levar o Kart 222 ao 3º lugar, tendo recuperado durante os mais de 120 minutos de pilotagem, 8 das 20 voltas perdidas no box.
2003 – A consolidação...
Em Janeiro de 2003, a equipe estava pronta para encarar a temporada em condições de igualdade com os demais competidores. Com a obtenção de novos patrocínios e a reestruturação da equipe técnica com a contratação de novos preparadores de chassi e motor, Jorge e Jeferson estavam prontos para brigar pelo campeonato Catarinense de kart competindo pela categoria F200 Pro.
Logo na primeira prova do ano a equipe mostrou ao que veio. Jorge cravou a pole position e melhor volta da 1ª bateria, mas por ter se envolvido num controverso acidente acabou sendo penalizado e largando em último na 2ª bateria. Daí em diante a prova foi pura diversão. Mesmo largando em último, Jorge consegui concluir a 2ª bateria em 2º lugar. O que lhe garantiu a 4ª colocação na classificação geral, nada mal para quem havia sido penalizado na 1ª bateria.
E os resultados continuaram vindo. Uma vitória arrasadora na prova de Rio Negrinho-SC, com Jorge em 1º lugar e Jeferson em 2º (sendo que este também fez a pole e a melhor volta da prova), e a constante presença no pódio durante toda a temporada, garantiram para Jorge Felisberto o Vice-Campeonato naquela temporada. Jeferson, que acabou ficando afastado de algumas provas devido a uma costela quebrada, terminou a temporada em 6º lugar.
E a história continua.....